De um jeito bem simples: deixando o líquido evaporar e recolhendo o sal no final do processo. Entretanto, não basta deixar a água virar vapor em dezenas de tanques e depois reunir o tempero. Se os fabricantes fizessem somente isso, tudo o que obteriam seria uma lama cinzenta, de gosto amargo, com apenas 78% de cloreto de sódio, o popular sal de cozinha. Isso porque a água do mar, além de conter muito sal, também possui compostos de cálcio e magnésio, que precisam ser retirados do produto final. A tarefa das salinas é justamente fazer essa separação.

O trabalho começa quando o líquido é bombeado de lagoas salgadas litorâneas, que têm pelo menos o dobro da quantidade de sal que o oceano – também dá para fazer o processo direto com água do mar, mas o rendimento é bem menor. Ao evaporar em tanques debaixo do sol, a água vai ficando cada vez mais pastosa. Nessa hora, a tendência é que os elementos sólidos comecem a se separar do líquido e concentrem-se no fundo do tanque.

O segredo é que cada composto vai para o fundo em um momento diferente, conforme aumenta a densidade desse caldo. Primeiro, vão os compostos de cálcio, que são excluídos da mistura. Depois, é o sal de cozinha propriamente dito, que pode ser retirado dos tanques na forma de sal grosso ou seguir para uma série de máquinas que fabricam sal refinado. “Durante essa fase, a água restante evapora sob temperatura e pressão controladas, para que os cristais saiam pequenos e uniformes”, afirma o engenheiro mecânico Maximilian Bosch, da Refinaria Nacional de Sal, em Cabo Frio (RJ).

No final do processo, antes de ser embalado, o tempero que chega aos supermercados brasileiros recebe ainda uma pequena quantidade de iodo, substância usada para prevenir o bócio, uma doença grave que ataca a garganta.

Seleção natural
Segredo das salinas é retirar impurezas da água usada como matéria-prima

1. Ao ser retirada do mar ou de lagoas litorâneas, a água salgada vai para enormes tanques de evaporação. Ligados por comportas, cada um ocupa uma área igual a dez campos de futebol e tem profundidade de apenas 20 centímetros. Conforme o líquido seca, a concentração dos elementos sólidos aumenta. Quando eles ocupam 17% do volume da água, os compostos de cálcio presentes no caldo oceânico concentram-se no fundo e separam-se da mistura2. A água densa passa a ser chamada de salmoura e cai nos quadros de cristalização, tanques com dezenas de metros quadrados e 2 centímetros de profundidade. A evaporação segue até que o nível de elementos sólidos chegue a 25%. Aí, a concentração de cloreto de sódio – o sal de cozinha – atinge seu valor máximo, e pode seguir dois caminhos

3a. Se a salmoura for usada na produção de sal grosso, ela continua secando sob o sol até que todo o cloreto de sódio se aglutine na forma de cristais. Depois, as pedrinhas salgadas, com até 3 centímetros de diâmetro, são retiradas por trabalhadores com rodos ou máquinas. A água que sobra é descartada em comportas nas laterais dos quadros de cristalização

3b. Se a salmoura servir de base para a produção de sal refinado, ela é retirada dos quadros de cristalização um pouco antes da formação dos cristais e passa por filtros para eliminar impurezas. Depois, é bombeada para aquecedores, onde a mistura chega a 120 ºC, e segue evaporando em câmaras a vácuo. Nesses aparelhos, a salmoura é submetida a uma pressão controlada para gerar cristais minúsculos, bem menores que os do sal grosso

4. Os cristais de sal refinado já estão prontos, mas ainda contêm água. A parte sólida continua a se separar do líquido em centrífugas, que lembram máquinas de lavar: dentro de um cilindro que gira em alta velocidade, a água escorre para o fundo, enquanto o sal se deposita nas laterais. Mesmo após a centrifugação, o sal ainda carrega uma leve umidade. Por isso, a mistura é posta em fornos especiais, aquecidos a 200 ºC, que secam e esterilizam o produto antes de ele ser embalado.

FONTE: https://super.abril.com.br/

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